quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 8 - Passado


     - A noite está meio... fria, não acha? - Perguntou alguém atrás de Liza, ela olhou para trás e viu Léo, mas ele estava diferente, parecia mais acabado, havia olheiras debaixo dos seus olhos azuis cristalinos, ela se sentia magnetizada por aqueles olhos, o sorriso frio e belo, o modo como ele franzia a testa quando estava confuso.
     Ela respirou lentamente, percebeu no ar seco e frio que ele falava a verdade.
     - Sim - disse ela - , mas não é você que está fazendo isso, não é?
     Ele a olhou com incrédulidade, ele tinha cabelos mais longos que antes, e ela só agora percebeu que os dois usavam roupas do estilo medieval, onde eles estavam? Ela olhou pela campina, só havia grama e uma fina camada neve por onde olhava, algumas poucas árvores e ovelhas pastando, onde eles estavam? Perguntava-se ela repetidas vezes por segundo.
     Por fim ele sorriu levemente e disse:
     - Acho que está imaginando coisas, princesa. - Disse ele.
     - Acha que estou ficando louca? Eu vi você brandir sua espada várias vezes contra demônios, não me surpreende que tenha aprendido técnicas antigas em suas batalhas, tão jovem e já destinado a uma vida cheia de lutas, de guerras, de morte... nunca pensou em viver de algo que não fosse de guerra, de sangue, de morte? - Perguntou Liza, ela não sabia de onde tirou aquelas palavras. - Além disso, vi vários guerrilheiros preciosos do meu pai usando mágica em batalhas, é verdade isso?
     Léo a olhou com surpresa, encarou a grama com o lençol de neve por um instante, depois olhou para o céu, sorriu, com os olhos brilhando.
     - Princesa Bianca, não há nada demais nas batalhas em que eu sigo vosso pai - ele olhou para ela - , ele é um ótimo rei, é o meu rei, eu o sirvo até que ele me dispense, caso contrário, não posso deixar de guerrilhar... mas... - ele voltou a olhar para o céu - eu já pensei, sim, em viver diferente, não mais guerrilhando, já pensei em ser um camponês simples, viver trabalhando no campo, mas... não é para mim.
     Liza ficou observando ele, cheia de perguntas sobre aquela cena, sobre quem era ela. Ela se aproximou dele, segurou o braço dele e deois a sua mão, ele a olhou, surpreso, mas com um brilho diferente no olho, antes seu olhar era frio, cético, agora era cristalino, como um diamante, e feliz.
     - Já pensou em ser rei? - Perguntou ela, gentilmente.
     - Não, princesa, nunca... - Respondeu ele.
     Ela encostou a cabeça no ombro dele, nesse instante, ela sentiu a mão dele, já fria, amornecer, ela olhou profundamente nos olhos dele.
     - Leonard, eu te amo... - Disse ela, ele sentiu arrepiar-se.
     Ele olhou para ela de cima, ela estava com a cabeça deitada em seu ombro ainda, sem pensar, ele fez algo que jamais pensara ou se permitira fazer.
     Léo inclinou a cabeça e beijou a testa dela, ela sorriu e depois levantou a cabeça para encará-lo e então ela beijou os lábios dele.
     E então a cena mudou de repente, já não havia mais neve, agora ela e Léo estavam correndo no meio de uma floresta, ele olhava para trás frequentemente, ele segurava ela, a puxando pela floresta, machucava a mão dela, mas ela sabia que era preciso correr para a sobre vivência deles. Eles deixaram a floresta de lado e reapareceram perto de uma praia deserta, exceto por um navio enorme, para onde ele a puxou com força e eles voltaram a correr desesperadamente por suas vidas.
     Ela já podia sentir o gosto da liberdade perto e então tudo escureceu, tudo acabou num piscar de olhos. Liza sentiu uma dor nas costas, rápida, como uma fisgada, sentiu a dor atravessar o seu corpo, ela viu o olhar espantado de Léo ao olhar para trás, ele a puxa para mais perto e a pega nos braços, ela protesta.
     - Não, Leonard, vá sem mim. - Disse Liza.
     - Eu não vou sem você, Bianca. - Protestou Léo.
     - Eu não vou sobreviver, Léo. - Disse Bianca.
     Léo a ignorou e continuou correndo com Bianca em seus braços, ele chegou até o navio, Léo pôs Liza nos ombros e começou a subir pelas cordas do navio, ele ouvia o silvo das flechas que acertavam o casco do navio, ele subia rápida e desesperadamente.
     Ao chegar ao convés, conseguiu colocar Bianca no piso de madeira e subiu a bordo do navio, os homens que trabalhavam no navio, observaram eles e depois olharam para fora do navio, uma flecha atingiu um dos homens, os outros se revoltaram e começaram a carregar os canhões.
     Léo foi até Liza, segurou a sua mão, ela estava fria, seus batimentos estavam fracos, ela não teria mais muito tempo de vida, ele olhava tristemente nos olhos dela, ela olhava os olhos dele, mas ela estava feliz, ele não entendia.
     - Você é muito teimoso, Leonard... - Disse ela, fracamente.
     Os olhos dele estavam vermelhos, ele sentiu uma ardência forte no nariz.
     - Você me ensinou a ser assim... - Retrucou Léo a ela.
     Ela deu uma risada fraca.
     - É verdade... - disse ela - eu te amo, Leonard, jamais esqueça disso, leve isso por toda a sua vida...
     Ele assentiu e beijou os lábios dela, lágrimas caiam em seus olhos, ela sorriu, ela nunca tinha visto Léo chorar.
     - Não chores, nobre cavalheiro... - disse ela.
     - Eu não estou chorando... - devolveu ele, ela sorriu, ele sentiu um aperto no coração - eu te amo demais também, princesa... demais...
     Ela se sentiu extremamente feliz em ouvir aquelas palavras, e então fechou os olhos.
     Quando os abriu novamente, estava no quarto de hotel, Léo dormia na poltrona ao lado da cama, Liza sentou-se na cama, olhou para os lados e viu todos dormindo, ela não parava de olhar para Léo, sua cabeça estava cheia de perguntas, mas a maior delas era: Quem, realmente, era Léo?

Continua...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 7 - Vampiros

     Liza olhava ao redor procurando algo que pudesse ajudar a lutar, pois ela não tinha poderes... ou pelo menos não os conhecia. Marcos estava mais apreensivo que o normal, ela via nos olhos dele que ele poderia se transformar no lobo imenso a qualquer momento, Siergart tinha um sorriso macabro e psicótico no rosto, Liza tinha medo daquele sorriso, o que ele poderia estar tramando?
     O homem-estátua começou a andar vagarosamente na direção deles, Susana ficou muito mais apreensiva que todos, parecia que ela iria ter um ataque a qualquer momento, Marcos adiantou um passo a frente de todos, seu corpo tremia, a primeira vista, Liza pensou que ele estava com medo, mas depois de um tempo, percebeu que ele estava mudando, Liza puxou Susana mais para trás e percebeu o que iria acontecer, José não percebeu o que aconteceria, Léo pulou para o lado e empurrou José no exato instante que aconteceu. Marcos explodiu... literalmente.
     Liza olhava horrorizada e, ao mesmo tempo, encantada com as chamas brilhantes e vermelhas que envolviam o corpo de Marcos sem nem ao menos feri-lo, Marcos olhou para trás, encontrou o olhar de Liza, seus olhos estavam mudados, sua face também mudara, não parecia mai Marcos, parecia uma pessoa dura, com a cicatriz em seu rosto brilhando, ele olhou para os homens estátua que recuaram um pouco ao verem Marcos.
     - Apelando para os poderes interiores. - Rugiu o primeiro homem. - Sabem que não gostamos de fogo, não é?
     - Sabemos que vocês morrem com o fogo. - Disse Marcos. - Isso já basta!
     Marcos saltou em uma altura surpreendente e estava prestes a cair em cima do primeiro homem, mas este desapareceu em uma fração de segundos, Marcos se virou para atacar o segundo homem, mas este escapou de seu golpe e o chutou na cabeça, Marcos caiu de cara no chão, meio aturdido, Liza sentiu um braço envolvê-la, ela se viu presa pelo primeiro homem, que a mantinha refém, Marcos olhou desesperado para ela, as chamas em volta dele se extinguiram. O segundo homem segurou Marcos pelos braços e fez Marcos inclinar a cabeça de lado, expondo a nuca dele, o homem abriu a boca, arreganhando todos os dentes pontudos, incisivos maiores que os outros, e estava prestes a morder o pescoço de Marcos.
     Um vulto pequeno e ágil saltou sobre o homem, agarrou a cabeça dele e o arremeçou contra um prédio do outro lado da rua, Liza ficou espantada vendo aquela cena acontecer, a figura ágil correu e desapareceu de vista, depois Liza escutou um urro de dor atrás dela, e ela estava livre dos braços do homem, ela correu e depois se virou para o primeiro homem, sua pele parecia apodrecer, ficar mais enegrecida a cada momento, de repente, o homem caiu, havia um pegaço de madeira enfiada nas costas dele, de pé, ao lado do corpo, se encontrava a figura pequena e ágil.
     Liza olhou para trás, o homem que quase mordeu o seu irmão estava vindo em sua direção, Léo se colocou entre eles, o homem foi veloz e atingiu Léo com um soco no peito, Léo voou três metros antes de cair, o homem vinha na direção de Liza sussurrando coisas que Liza demorou um pouco para entender.
     - Delicada menina jovem, cheia de vida... pena que irá morrer logo, não se preocupe, será uma morte rápida e indolor... - Dizia o homem.
     Liza entrou em pânico, não conseguia se mover, ela olhou para trás, onde estava o pedaço de madeira no corpo do outro homem, não havia mais nada ali, ela se virou para encarar o demônio que vinha ao seu encontro, de repente, ele parou à um metro dela, ela olhou atentamente para o homem, seu sorriso maligno se desmanchou, seus olhos sedentos agora estavam vazios, a pele dele começou a apodrecer como a do outro homem, e ficou enegrecida, o homem caiu com o mesmo pedaço de madeira nas costas, a pequena figura estava lá, do lado dele novamente, ela soluçava e choramingava, ao se aproximar mais, Liza percebeu quem era.
     - Geovanna? - Foi só o que Liza conseguiu dizer, a menina estava chorando, Liza, um pouco receiosa, se aproximou de Geovana e a abraçou.
     - Eu nunca havia matado ninguém... nenhum humano, nenhum vampiro, nenhum animal... - Disse a pobre, pequena e frágil vampira que namora o irmão de Liza.
     - Calma, Geovanna, vai ficar tudo bem... - Liza tentava tranquilizá-la.
     Marcos vinha na direção delas, ele olhou para Liza e depois para Geovanna, Liza soltou Geovanna e Marcos foi na direção de sua namorada vampira, Geovanna olhou nos olhos de Marcos, ele olhou nos olhos dela, ela o abraçou forte, Liza ouviu de longe o barulho dos ossos da costela de Marcos quebrando e voltando ao lugar, se regenerando, rapidamente, enquanto Geovanna o abraçava.
     - Eu estava com saudade, Marcos... - Disse Geovanna abraçando Marcos e choramingando.
     Marcos acariciou o rosto dela, sorriu para ela.
     - Agora eu estou aqui contigo... não precisa chorar, eu estou aqui. - Disse Marcos tentando acalmá-la, e estava conseguindo.
     Marcos tirou o relógio de bolso de ouro do bolso do casaco e entregou a Siergart, este sorriu brandamente para o garoto.
     - Que sorriso é esse? - Perguntou Marcos.
     - Orgulho de um menino que nem é filho meu, mas lutou com garra e determinação. - Disse Siergart, Léo olhou para ele e estreitou os olhos, Liza foi até ele por impulso, e segurou a sua mão, ele olhou para ela, surpreso, ela transmitiu um olhar para ele que dizia para ele não se importar com aquilo, ele entendeu e assentiu para.
     Depois de tudo que acontecera, eles procuraram o hotel mais próximo para se hospedar e descansar um pouco antes de partir embusca do próximo Símbolo da Tormenta. Marcos e Geovanna ficaram conversando a noite inteira no quarto que dividiam com Liza e Susana, que mal conseguiam dormir com as risadas, beijos e abraços dos dois.

Continua...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 6 - Homens Misteriosos.


     Liza ainda olhava atordoada para a casa incendiada, haviam dois homens observando a casa se remoer em chamas, eles pareciam um tanto satisfeitos, o que fazia Liza ficar com certo medo deles, Léo a puxou para trás de uma bancada e ficaram observando eles, Liza olhou para Léo, que tinha uma expressão muito séria em seu rosto, Liza se preocupou, se conheceram naquela manhã, mas ela sentia como se o conhecesse a muito tempo.
     - Você está bem, Léo? - Perguntou ela, ela tocou no braço dele, mas não estava mais tão frio, agora estava mais caloroso, como se agradasse muito.
     Léo olhou nos olhos de Liza com seus olhos cinzentos profundos.
     - Sim, só esses homens que me preocupam, acho que sei o que aconteceu.
     - Eles provocaram esse incêndio? - Perguntou Liza.
     - Não é um simples incêndio. - Léo olhou preocupado para as janelas. - Há seres lá dentro, pelo fogo, se não são humanos, são vampiros.
     - Vampiros?
     - Sim, o modo mais fácil de matar um vampiro sem chegar perto dele é colocando fogo nele, quando está de noite, ou jogando-o ao sol quando de dia, mas este segundo método não tem garantia de funcionamento, quer dizer, não sabemos se os vampiros têm algum tipo de proteção mágica que possibilitem eles de andar de dia pelas ruas. - Disse Léo, rapidamente, Liza ergueu uma sobrancelha, depois de tudo que ela passara, ainda era difícil aceitar o fato de que vampiros, lobisomens, metamorfos e monstros estivessem por aí.
     Marcos estava do outro lado de Liza, agachado, ele tinha uma expressão mais séria que a de Léo e estava com os punhos cerrados, Liza, mesmo que estivesse preocupada com ele, olhou na direção da casa que incendiava, os homens haviam sumido, ela ia perguntar a Léo quem eram aqueles homens, mas Léo já não estava mais ali, ele estava na frente da casa, olhava para ela incendiar, parecia estar em transe, como se lembrasse de algo, ao seu lado, Marcos socou o chão e então todo o fogo se extinguiu.
     A casa não estava mais em chamas, não havia nenhum foco de incêndio, Léo parou por um momento, olhou para trás, para Liza e depois para Marcos que havia socado o chão, este se levantou e andou na direção de Léo, Liza os acompanhou, assim como Siergart, José e Susana.
     - Havia pessoas iguais a Geovana dentro da casa, não é? - Perguntou Marcos à Léo.
     - Não são pessoas, não necessariamente, eram vampiros, já estavam mortos. - Respondeu Léo.
     - Eu pouco me importo se estão mortos ou não, são pessoas...
     - Que se alimentam de outras pessoas. - Interrompeu Siergart. - Eu conheci vários vampiros na minha vida, garoto, acredite, a maioria deles fariam picadinho de você se achassem que era humano.
     - E eu não sou? - Perguntou Marcos. - Sou o quê? Um lobisomem?
     ­- Na verdade, quase isso, somos metamorfos. - Respondeu Siergart.
     ­- Todos nós? - Perguntou José.
     - Não, a sua amiga ali é humana, nem sabe no que está se metendo. - Disse Léo apontando para Susana.
     Susana estremeceu.
     - Quer dizer que eu corro risco de vida?
     - Ela não sabe mesmo no que está se metendo... - Disse Siergart balançando a cabeça.
     Marcos ficou impaciente, balançou a cabeça para todos e entrou correndo nos escombros da casa que a pouco estava incendiando, Liza tentou correr atrás dele, mas Léo segurou o seu braço, ela olhou para ele, ele apenas olhou em seus olhos, sua expressão fria e dura, e assentiu com a cabeça para ela.
     Era difícil ter que esperar o seu irmão saí de dentro de uma casa em ruínas, sua estrutura era precária, ela estava apreensiva, a qualquer momento, a fraca e precária estrutura do prédio poderia ceder e enterrar o seu irmão ali.
     De repente, parte da estrutura do prédio cedeu e, de uma das janelas, uma pessoa saltou com algo nos braços, Liza olhou preocupada, e então reconheceu a pessoa, era seu irmão, Marcos, com um objeto que parecia um relógio de bolso dourado em mãos, Marcos olhou para Siergart, que sorriu para ele.
     Siergart foi até Marcos, o abraçou e disse, com orgulho na voz.
     - Menino de ouro, inteligente e corajoso, conseguiu o primeiro Símbolo da Tormenta.
     - Isso é um Símbolo da Tormenta? - Perguntou José.
     - Sem a menor dúvida, meu caro, agora vamos... - Siergart se viu obrigado a interromper a sua frase, não conseguiu terminá-la, ele olhava para o outro lado da rua, perto dos caixotes, quase na entrada de uma praça, dois homens com capas britânicas longas olhavam para eles.
     Os homens pareciam estátuas, parados, olhando para eles daquela forma, o corpo de Liza estremeceu quando um dos homens tirou os óculos, seus olhos estavam diferente do normal, eram negros e haviam marcas quase iguais à rachaduras nos olhos e ele abria a boca para falar algo, a atmosfera ali ficou mais fria, Marcos apertou forte o seu relógio de bolso e Léo segurava seu pingente de cristal, ele olhava com a mesma expressão dura e fria de sempre, com um forte toque de raiva.
     O homem que havia tirado os óculos gargalhou e olhou para eles, depois olhou para Susana e, por fim, para o seu “amigo-estátua”.
     - Hora do lanche. - Disse ele gargalhando.

Continua...

sábado, 30 de junho de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 5 - Valência em chamas

     Liza poderia confessar que o maior choque que ela teve não foi tudo que havia acontecido, ela estava estupefata com o homem com asas de anjo, essas asas que sumiram, mas ela tinha certeza que tinha visto, com o modo que ele havia derrotado aquele monstro, mas ela estava mais surpresa ainda com a ideia de que aquele homem, o mesmo homem que estava no seu sonho, fosse o pai do seu novo colega, e ele era por quem ela sentia uma forte atração.
     Léo se pôs um passo à frente e encarou o homem. Era impossível de se imaginar Léo sendo filho daquele homem, porque, afinal, o homem era feio, tinha dentes quebrados e uns lhe faltavam, tinha mau cheiro, estava todo sujo, e tinha várias feridas pelo corpo. O homem olhou para Léo cheio de orgulho, pulou de cima do monstro para terra firme e andou em nossa direção, Léo permaneceu parado, sua expressão era dura e fria, o homem abriu os braços para Léo, este apenas o encarou como se quisesse matar o homem, ele deixou os braços caírem.
     - Ora filho - disse o homem -, não deveríamos ficar ressentidos com as pessoas, principalmente com os nossos pais, não é mesmo?
     - Você me abandonou quando eu tinha seis anos disse Léo, furioso em um orfanato onde todos achavam que eu era maluco e que ninguém iria me querer.
     - Claro que iriam te querer, filho - disse o homem -, você é um filho maravilhoso, um rapaz tão poderoso que nem imagina o seu poder...
     Léo hesitou.
     - Como assim não imagino o meu poder? Sei muito bem os limites dele.
     - Ah, é mesmo? - O homem chegou mais perto de Léo, estavam à um braço de distância, ele observou seu filho, balançou a cabeça negativamente com uma expressão de desaprovação e riu por fim. - Filho, você não faz ideia do poder que você tem dentro de si, mas agora temos que ir...
     - Ir? Para onde? - Perguntou Léo.
     O pai de Léo o observou.
     - Espanha, meu filho, vamos procurar o primeiro Símbolo da Tormenta.
     - Símbolo de quem? - Perguntou José, fazendo careta.
     - Não é de quem, mas sim de quê. - Disse Marcos - Ele disse: o primeiro Símbolo da Tormenta.
     Léo os ignorou e focou em seu pai.
     - Vai me dizer o que é esse Símbolo da Tormenta?
     - Sim. - Disse seu pai, ele fitou Léo por um instante, depois olhou para cada um de nós. - Os Símbolos  da Tormenta são artefatos antigos tão poderosos que podem destruir centenas de vampiros, eram usados pelos egípcios na antiguidade para destruir os demônios.
     Geovana estremeceu, Liza pode perceber isso, ela se lembrou que Geovana teve que correr debaixo do sol com uma proteção, por que será que ela não podia tomar sol? Como se raios de sol fossem matá-la instantaneamente... a menos que... fosse mesmo matá-la instantaneamente, isso queria dizer que a namorada do seu irmão era uma...
     - Vampira! - Gritou Liza, apontando para Geovana, ela se encolheu atrás de Marcos, que espantou com o que a sua irmã havia dito, ele se enfureceu com Liza.
     - Do que está falando, maluca?! - Gritou ele.
     - Geovana é uma vampira!
     - De onde você tirou essa ideia maluca?!
     - Pense bem, Marcos, ela não gosta do sol, provavelmente frita se ficar no sol, Léo já tinha falado coisa parecida quando estávamos na escola, se lembra?
     - O sol deve ter fritado a sua cabeça! Isso é...
     - Verdade. - Disse Geovana, Marcos, se assustou, Liza olhava para ela, em expectativa. - Eu sou uma vampira.
     Todos ficaram apreensivos, entreolhando-se, com medo de Geovana, no instante em que revelou o seu segredo, Liza se sentiu culpada, Geovana pôs as mãos no rosto e começou à chorar. Vampiros choram? pensou Liza, ela olhou para Léo, ele olhou para ela, ainda frio, mas ele parecia querer ser solidário, suspirou, olhou para o pai, este mesmo olhou para Geovana, ela, olhou para todos, nós, com vergonha, e correu para longe de nós, Marcos tentou correr atrás dela, mas a velocidade dela era tão grande que ela desaparecera, instantes depois, dobrando a esquina da rua, para a sorte deles, ela entrou em uma rua onde havia muita sombra, ela entrou em um dos prédios e desapareceu, ali ela se esconderia até a noite.
      - Bem - disse o pai de Léo -, temos de ir, todos nós.
      Liza olhou para ele, confusa.
      - Todos nós? - Perguntou ela.
      O homem assentiu.
      - Essa jornada não deveria nem ao menos ser minha, apenas vocês sozinhos, agradeçam à Deus por eu estar aqui para escoltá-los.
      Depois de muita discussão, todos concordaram em seguir o homem, pois se continuassem ali, seria mais perigoso, haveria mais monstros seguindo eles, cada um passou rápido em sua casa para pegar uma mochila e tudo que necessitavam, voltaram a se encontrar na mesma praça, Liza percebeu Marcos olhar, apreensivo, na direção dos prédios onde Geovana deve ter se refugiado, ela imaginou se ele estava ressentido com ela por ter feito a sua namorada fugir.
      - Vocês dois vão ficar bem, depois, quando voltarmos, mano. - Disse Liza à Marcos, ele a olhou triste.
      - Liza, eu não sei... mas não se culpe, eu sei que você não teve a inten...
      - Muito bem, garotos, sabemos que o melhor jeito de viajarmos é por teletransporte, vamos teletransportar até Valência, na Espanha. - Disse o pai de Léo, Léo, ao seu lado, de braços cruzados e olhando feio para o pai. - Alguma pergunta? - Liza e José levantaram os braços. Ele apontou para Liza. -Diga, querida.
      - Tenho duas perguntas: Qual é o seu nome? E como vamos nos teletransportar? - Disse Liza.
      O homem riu.
      - Meu nome é Siergart, querida, e nós vamos teletransportar de uma forma fácil, basta ficarmos de mãos dadas, e deixar que o titio Siergart faz o resto. - Ele sorriu para todos, o que deu medo em Liza, aquele sorriso incompleto e amarelado, ele se virou para José. - E qual é a sua dúvida, garoto?
      - É que eu queria saber se dava para ir ao banheiro antes de teletransportarmos...
      - Claro, garoto, vá, rápido.
      Dez minutos depois, José estava de volta e estavam de mãos dadas, esperando Siergart fazer o teletransporte, o homem ficou sério, fechou os olhos e o corpo de Liza começou a levar choques, cargas elétricas passavam por ela, ela sentiu um empuxo forte e tudo ficou branco, logo depois, tudo voltou ao normal, só que estavam em um lugar diferente, e já estava de noite, Liza olhou ao seu redor, e viu um  prédio pegar fogo, parecia uma casa antiga, bem antiga, da época em que Portugal começara a colonizar sua parte da América do Sul, o Brasil.
      - Onde estamos? - Perguntou Marcos.
      - Estamos onde queríamos chegar - disse Léo -, estamos em Valência, Espanha.

Continua...

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Palavras de um blogeiro (e autor) em crise.

Pois é, galera. Tive que me ausentar por um mês e meio, mas agora eu estou de volta.
\O/
A minha ausência motiva-se por eu estar escrevendo e ter estado "de férias" do blog. Mas agora que estou de volta, asseguro que isso não vai se repetir... pelo menos não sem eu avisar antes. Voltarei à postar a história dos Símbolos da Tormenta e logo depois estarei com uma surpresa, esperem só para conferir, até mais. Câmbio, desligo!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Brasão da família Oliver


A Família de metamorfos Oliver.
Descendente dos lobos, a família Oliver é uma das mais antigas e tradicionais famílias metamorfas, os Olivers também tendem a simbolizar-se com a árvore de Oliveira, de onde o nome da família é retirado, os primeiros Olivers surgiram por descendentes indiretos de Sir Lancelot, na Bretanha. Os Olivers também descendem dos Cinzentos Lendários, por isso a imagem no brasão da família é um lobo-cinzento de cor dourada.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Portugal - Capítulo 4 - O Cometa Frio

Cada passo da mamãe Troton, faziam os típanos de Liza saltarem e estremecerem, ela pensava o quão difícil seria ter que derrotar aquele monstro, ainda mais com um grupo tão inexperiente como aquele e sua melhor amiga desacordada. Ela olhava hesitante para os irmãos e depois olhou para Léo.
"O que vamos fazer?" perguntou ela. Léo olhou para ela, olhou para Geovana, ela estava um pouco assustada, ele correu até o fundo da sala, puxou uma cartaz enorme, entregou a Marco.
"Cubra ela com isso, como se fosse um capuz, não deixe nenhuma parte do corpo dela exposta à luz do sol." Ele se virou para Geovana. "Não se preocupe, você não vai morrer, só se machucar um pouco, mas irá sobreviver."
Marco pareceu confuso, virou-se para Geovana.
"Do que ele está falando?" perguntou ele.
Geovana hesitou, se cobriu com o cartaz.
"Te explico depois, amor, e sabia que se você soubesse... você jamais me amaria." disse ela, Léo começou a correr em direção à rua, todos seguiram ele, de repente, viram uma sombra gigante cobrir a avenida inteira, eles correram mais rápido, entraram em um prédio, um atalho até a outra avenida, atravessaram o prédio e deram de frente com uma lanchonete, o monstro ainda os perseguia.
Léo criou um tipo de parede de gelo para atrasar o monstro, mas não adiantou muito, o monstro de 10 metros de altura destruiu a parede facilmente, eles voltaram a correr, foram até uma cafeteria próxima, tentaram se proteger e então, algo atingiu o monstro, parecia antingí-lo como um foguete, Léo observava atentamente o monstro recuar.
"O que você acha que é?" perguntou Liza.
Léo balançou a cabeça.
"Não faço a mínima ideia." respondeu ele.
Então Susana acordou, ela olhou para os lados, viu que estava nos braços de um José suspirante e suado, olhou para os lados até encontrar o olhar de Liza.
"O que houve?" perguntou ela.
"Estamos em uma encrenca daquelas..." disse José.
"Ah, essa é pior que qualquer outra que você possa imaginar." disse Léo, ainda olhando para o lado de fora, observando a briga.
Liza ficou do lado dele para ver a briga, ignorando sua pele fria.
O monstro caíra e fizera a terra balançar, uma nuvem de poeira se alastrou naquele espaço, as pessoas em voltam estavam assustadas, Eles saíram lentamente do abrigo onde estavam, olhavam para os lados, desconfiados, se perguntando se havia algo mais perigoso vindo, eles olharam a nuvem de fumaça de dissipar.
Uma forma escura, um homem, estava em cima do monstro, mas não um homem comum, um homem com asas, e então essas asas desapareceram, e um homem com roupas esfarrapadas de prisioneiro estava ali, ele tinha uma barba meio grande e cabelos sujos e ligeiramente grandes, Liza o reconheceria em qualquer lugar, era o prisioneiro em seus sonhos, o homem a ser executado.
Esse homem olhou em direção à Liza, Léo e os outros, seus olhos eram mais que azuis, chegavam a ser cristais claros, como gelo, seus olhos olhavam de um a um daquela turma, parou ligeiramente em Geovana e depois, parou definitivamente em Léo, o homem soltou um leve sorriso, abriu os braços e murmurou uma só palavra.
"Filho!" exclamou ele, Léo continuou paralisado, sem dizer ou mudar a expressão em seu rosto...

Continua...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Portugal - Capítulo 3 - Trotons, mamães monstro e tudo mais

Liza olhava atordoada para o monstro que entrara pela parede na sala de aula, Léo era o único que não parecia abalado, ela olhou para os seus irmãos, eles se recuperavam do choque e se transformaram, antes que qualquer um visse, em dois lobos de pelo marrom-avermelhado, Léo estreitou os olhos e avançou contra o monstro.
"Léo, não!" gritou Liza "Você não pode lutar contra..."
Sua voz falhou, seu irmão, José,  fora atingido pela cauda do monstro e foi arremessado contra a parede e a atravessou, parando apenas na sala de aula vizinha, ela voltou à se concentrar, aturdida, com a luta do lobo em que seu irmão se transformou, olhou para Léo, ele agora brandia uma espada branca, de onde foi que aquilo saiu?! Ela não tinha tempo para descobrir, tudo se passava rápido demais, tão rápido que ela mal podia acompanhar, Léo abaixou-se quando o monstro tentava atingi-lo com a cauda.
Léo desviava de cada movimento do monstro, chegando cada vez mais perto dele, o lobo em que Marco havia se transformado não conseguia se aproximar do monstro para atacá-lo, porém, Léo, com muito esforço, se aproximava cada vez mais do monstro, e já desferindo golpes com a espada branca e brilhante, tão brilhante que chegava a quase cegar.
Cada golpe que Léo desferia no monstro, aparecia, ao invés de uma ferida, criava-se uma camada de gelo que cobria totalmente o ferimento. Léo já deixara o monstro quase congelado por completo, ele pulou nas costas do monstro e fincou a espada no que parecia ser a nuca do o monstro, o monstro ficou totalmente paralisado, começou a tomar uma cor diferente, começou a se cristalizar até trincar como vidro, e então, explodir em partículas minúsculas e brilhantes, como poeira.
Uma corrente fria se espalhou pelo ambiente, fazendo Liza juntar os braços sobre o peito e começar a bater o queixo.
"Não deveria sentir frio." disse Léo, fazendo sua espada desaparecer e uma chave aparecer no lugar dela.
"Por que?" perguntou Liza.
"Porque você é puro calor." respondeu ele.
Ela corou.
"Obrigada... eu acho."
Léo pareceu confuso por um instante e então gargalhou.
"Do que você está rindo?" perguntou Liza, confusa.
"Não, não é isso, eu quis dizer que você emite mais calor que os seres humanos normais" disse Léo " Você é uma metamorfa, não é?
"Sou, acho." respondeu Liza "Meu pai disse algo parecido antes de morrer."
"Eu tenho certeza que é, seus irmãos se transformaram em lobos."
Nesse instante, José, em forma humana, atravessava a sala cambaleando, vindo ao nosso encontro, parou no meio da sala para pegar Susana nos braços, ela parecia estar desacordada, Marco vinha ajudando Geovana, Léo olhou para ela como se fosse matá-la.
"Vamos, temos que ir embora." disse Léo.
"Ir embora?" perguntou Liza.
"Sim, fugir... enquanto ainda dá tempo de não aparecer outro monstro." disse Léo.
"Fugir? Por que?" perguntou Marco desconfiado.
"Você quer enfrentar a mamãe Troton? Acredite, aquilo era o bebê!" disse Léo.
Marco calou, se assustou.
"Bebê?" perguntou José "Ouve relatos de alguém que já matou a mãe?"
"Sim, uma menina de treze anos no Brasil" disse Léo.
"Ok. Vamos então, não quero me deparar com um monstro de tamanho demoníaco que uma menina de treze anos consegue derrotar e nós não" disse Marco.
Geovana hesitou.
"Mas tá fazendo sol lá fora." disse ela.
"E daí?" perguntou José.
Ela hesitou de novo, Léo girou os olhos e falou:
"Ela é uma..."
Na hora que ele ia dizer, um som agoniante e assustador de um monstro que estava ali perto, Léo virou-se para o buraco na parede, ao longo na rua, dava pra ver uma sombra se aproximando da escola, ele praguejou em uma língua que pensei ser russo, virou-se para nós com cara de alguém que estava muito irritado, mas parecia que sua expressão fria não se alterava.
"Tarde demais... a mamãe chegou." disse ele por fim.

Continua.

terça-feira, 20 de março de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Portugal - Capítulo 2 - Surpresa na Aula


Enquanto observava o garoto surpreso, Liza ficava se perguntando qual seria o motivo do espanto do garoto com ela. Será que eles já se conheciam à muito tempo e ela não lembrava? Ela não tinha certeza disso. Será que ele havia tido um sonho sobrenatural no qual os dois estavam envolvidos? Tá, aí já seria absurdamente improvável, o fato era que alguma coisa assustava o garoto.
Ela decidiu falar com ele.
"Tudo bem? Tem algum problema comigo?" perguntou Liza "É o meu cabelo?" o garoto mudou de expressão, sorriu, divertindo-se, e balançou a cabeça em negação.
"Não, é que... tenho uma leve impressão de que já conheço você." disse o garoto, além de ser bonito, sua voz era suave e fria, era óbvio que o garoto era o frio em pessoa "Você é daqui de Lisboa mesmo?" perguntou o menino à Liza.
"Sou." respondeu ela "Em relação ao que você disse, da impressão de já termos nos conhecido... bom, eu pensei em algo parecido."
"Sério?" exclamou ele "Eu não..."
O garoto parou.
"Você não...?" perguntou Liza.
"Nada." disse ele olhando para a porta da sala de aula, no mesmo instante em que Marco entrou na sala de aula com Geovana, a expressão do menino mudou para aborrecimento e desconfiança, ou até raiva, Liza não sabia ao certo, mas havia muita em seu rosto, desde que ela o vira pela primeira vez, ele virou-se para ela. "Meu nome é Leonardo, mas todos que eu conheço me chamam de Léo." disse o menino, estendendo a mão para Liza, ela apertou a mão dele, era como se ela segurasse bem firme cubos de gelo, com muita força, sua mão era tão fria que chegava a arder.
"Meu nome é Liza." disse ela, quando ele voltou a olhar para a porta ela começou a aquecer a mão, sem que ele percebesse.
Ele voltou para ela.
"Enfim, o que você ia dizer mesmo? Você não...?" insistiu Liza.
O menino girou os olhos.
"Eu não acredito que já tenhamos nos conhecido." disse ele, tentando disfarçar "Eu me mudei para cá há poucos dias."
"Sério? E de onde você é?" perguntou Liza.
"Sou da Itália, mas vivi no interior de Portugal por cinco anos." disse Léo.
"Sério?" perguntou Susana, se intrometendo na conversa.
Liza corou, queria atirar os cadernos na cara de Susana, apesar dela ser a sua melhor amiga hiperativa e "animadinha" demais.
"Susana, vai conversar com o José, por favor." propôs Liza à sua melhor amiga.
"Ah, não, seu irmão é um idiota, Liza." resmungou Susana.
"Susana, por favor, vai." disse Liza num tom ameaçador.
Susana captou a mensagem, levantou-se e foi até onde José conversava e berrava coisas idiotas com os amigos dele.
"Então..." começou Liza.
"Essa não." exclamou Léo.
"O que foi?" perguntou Liza.
"Cuidado!" gritou ele, a parede da sala explodiu. Muita gente se jogou, muita gente ficou parada e foi atingida por pedaços da parede, Léo se levantou rapidamente, estava totalmente normal, exceto por poeira que caiu sobre eles "Droga!" resmungou ele, ele olhava para o enorme rombo que se formara na parede, de lá, um monstro estranho saiu, um monstro com corpo de lagarto e cabeça de tubarão.
"Mas que bicho é esse?!" exclamou Liza.

Continua...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Portugal - Capítulo 1 - Novato

Era um dia comum em Lisboa, Portugal, Liza tomava café-da-manhã com os seus dois irmãos gêmeos, José e Marco. Ela lhes contava o sonho que havia tido, com o seu novo fim, que era bem melhor que os outros. Em uma das versões, o prisioneiro fora executado e sua cabeça rolou pelo palco de madeira, muito sangue jorrava, em outra versão, o homem congelava os carrascos, jogou as correntes contra o homem pálido, mas o homem pálido apenas a segurou e as puxou, com uma espada, apunhalou o prisioneiro no tórax, o mesmo gemeu e morreu aos pés do homem pálido.
"Dessa vez o homem sobreviveu?" perguntou Marco, seus irmãos eram gêmeos idênticos, mas dava para saber que era Marco, porque ele tinha uma cicatriz no rosto, tão grande que partia a sobrancelha e atravessava a bochecha do garoto.
"Sim." respondeu-lhe Liza "Dessa vez ele matou um dos carrascos com as correntes, congelou o outro, xingou o chefe e fugiu, se transformando em uma águia."
"Águia?!" Primeiro lobo, e agora, uma águia?!" resmungou José. "Que cara mais estranho, que sonho mais estranho."
Liza estava prestes a lhes falar alguma coisa, mas algo a interrompeu, a sua madrasta, Clara Cortez, impediu que ela falasse, a dona Cortez entrara na cozinha com uma sacola de compras, José, automaticamente, se  levantou e ajudou a sua madrasta com as compras, ela havia ido ao mercado, obviamente.
"Obrigada, Marco" disse a mulher.
"Sou o José" disse o irmão de Liza.
"Dá no mesmo" disse-lhe a mulher.
"Não, eu tenho uma cicatriz no rosto, José não tem" disse Marco, enquanto colocava o pedaço de pão na boca.
Ela olhou para eles.
"Já tomaram café-da-manhã?"
"Estamos terminando" disseram os três ao mesmo tempo, Liza terminava de comer a maçã, levantou-se e pegou a bolsa.
A madrasta deles, dona Clara Cortez, parou, olhou para eles por um instante, e estremeceu.
"Vocês são muito estranhos." disse-lhes ela.
"Por que?" perguntaram os três ao mesmo tempo, José estava um pouco atrasado, pois ainda mastigava uma torrada na boca.
"Falando assim, ao mesmo tempo, são muito estranhos" ela estremeceu de novo.
"Ora, somos gêmeos, o que você esperava?" perguntaram os três juntos mais uma vez, Clara estremeceu de novo, virou-se e saiu da cozinha "Maluca..." disseram eles juntos mais uma vez.
Liza olhava para os irmãos, que comiam lentamente, esperando que ela explodisse, como de costume, ela resistiu, mas com três minutos, não aguentou mais.
"Vamos logo! Não podemos nos atrasar de novo!" gritou ela, os irmãos começaram a rir, terminaram de comer e se levantaram, pegaram a mochila e saíram, seguindo a sua irmã.
Ao chegarem à escola, foram direto para a classe, Liza e José, pelo menos, Marco estava conversando com Geovana, sua namorada, Ao chegar à sala, ela notou algo diferente, algo como... se a sala esfriasse, mesmo que ela não sentisse frio frequentemente e não se perturbasse com o calor, mas o ambiente na sala de aula mudara. Logo, Susana veio ao seu encontro.
"Oi, você não vai acreditar na novidade!" exclamou ela, Susana era a sua melhor amiga, alguém com quem contava sempre.
"Oi, que novidade?" perguntou Liza.
"Dã... o aluno novo, garota, acorda! Ele é muito bonitinho!" disse Susana tomando ar.
"Aluno novo?" disse Liza, logo ela viu uma figura diferente dos garotos idiotas que ficavam berrando e brigando na sala de aula, lá no fundo da sala, ao lado do lugar que Liza normalmente sentava, um garoto usando uma jaqueta preta, camisa azul com uma imagem de um lobo de perfil formado por listras, uma calça jeans preta e um tênis All Star preto, o garoto escutava música, o capuz estava sobre a sua cabeça, mas deu para ver as feições do seu rosto, ele era magro, pálido, seu rosto parecia sério e feroz ao mesmo tempo, sua expressão era de, nada mais, nada menos que, tédio.
Liza se dirigiu até o lugar ao lado do garoto, que, aliás, era o seu, sentou-se, Susana ficou do outro lado de Liza, como normalmente, Liza olhou para o garoto, viu que ele era realmente bonito, ela ajeitou os cabelos castanhos, o garoto olhou para ela nos olhos, ela percebeu que os olhos do garoto eram frios, extremamente azuis e frios, ele olhou para ela e a sua expressão mudou, de tédio passou para surpresa.

Continua...

sábado, 3 de março de 2012

Nova História de Metamorfos. (Liza Cortez - Portugal)

Em algum lugar da vasta Europa, em alguma prisão de alguma torre de algum dos antigos castelos da Idade Média, encontrava-se um corpo caído, não gemia, não se movia, provavelmente estaria morto, mas então, dois homens vestidos com armaduras medievais idênticas, deveriam ser guardas do castelo, eles pegaram o homem aparentemente morto e o carregaram pelos braços, arrastando-o, desceram um lance de escadas, depois entraram por uma porta e andaram por alguns corredores até chegar à um palco. Um tipo de palco, com dois homens altos, encapuzados, segurando, cada um, um machado gigante, uma base de madeira quase do mesmo tamanho que o carrasco com uma lâmina curva na ponta de cima, apenas encostar na lâmina seria o bastante para cortar qualquer coisa, parecia recém-amolada, o homem, que deveria estar morto, seria executado.
O homem foi acorrentado, ele foi posto de pé, já não deveria ter forças nem para se manter de pé, um outro homem, pálido, bem vestido, com aspecto de morto se aproximou do homem.
"Você realmente achou que poderia... me matar?" disse o homem, sua voz era calma e fria, não hesitaria matar  ninguém "Tentando quebrar minhas defesas? O meu castelo é impenetrável"
O homem quase morto virou-se para o homem frio, arrogante, que tinha o seu destino nas mãos e cuspiu no rosto dele.
"Saiba, duque Henry, que você é um canalha imbecil e arrogante. Pedik!(Педик!)" xingou o homem quase morto em russo.
O homem pálido deu um passo para trás, olhou para os carrascos e acenou. Um foi até o homem quase morto e segurou as costas dele, enquanto o outro mirava o machado no pescoço do homem, uma multidão observava, a maioria dos cidadãos e aldeões estavam com medo e frio, nevava, mas o homem quase morto não sentia frio, o machado desceu, mas não acertou o pescoço do homem, ele havia recuado e asfixiava o primeiro carrasco com as correntes, matou o homem facilmente, o outro investiu com o machado, enquanto a arma se aproximava do homem mais ela ia congelando, pesou tanto que caiu bem a sua frente e fincou no piso, o homem escalou o machado, chutou o rosto do carrasco que começou a congelar, as correntes congelaram e quebraram, ele olhou em direção ao duque, lançou um sorriso e um olhar de desafio, virou-se, se transformou em uma águia e sumiu pelo céu.

* * *

Instantes depois, Liza acordou do sonho, o mesmo sonho que tivera por duas semanas, mas sempre havia um final diferente, ela olhava diretamente para a parede do quarto que dividia com os dois irmãos, uma fotografia estava na parede, haviam três crianças, todas do mesmo tamanho, com um homem, cabelos castanhos, barba aparada, olhos castanhos e brilhantes, pele pálida como a das crianças, como a sua pele, ela passou a mão na cabeça, olhou para o calendário pendurado na parede, seria o dia do aniversário do pai dela, o homem da fotografia, se ele não tivesse morrido à dois anos. Ela seguiu sua vida desde então, tentando entender o modo como o seu pai havia sido morto, ela já tinha dezesseis anos, e vivia com a viúva de seu pai, que não era a sua mãe, era uma mulher má, arrogante e gananciosa com quem o seu pai havia se casado quando ela e seus irmãos tinham apenas quatro anos.
Continua...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Aviso aos leitores do blog "Alcateia dos Cinzentos":

Bom, pessoal, venho aqui para dizer que passarei um tempo sem postar histórias no blog "Alcateia dos Cinzentos". Passarei um tempo sem postar histórias, pois ainda pretendo terminar o livro: "Série Metamorfos. Livro Dois: A Coroa Amaldiçoada", antes do fim deste mês de Fevereiro, porém, manterei vocês atualizados de tudo que precisarem. Em breve estarei postando um novo aviso de quando sairá a próxima história dos próximos metamorfos. Espero que compreendam e aguardem, pois dentro de um mês, se possível, a Alcatéia vai voltar com toda a sua força e com uma nova história em mãos...

Não esqueçam de deixar comentários de qualquer dúvida.
Agradeço a sua compreensão.
AGUARDEM...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Joe Jordan - Capítulo Final - Um novo amanhecer...

"Ah, Joe, eu sei tudo sobre a sua história, inclusive os seus pais e o seu passado sombrio, eu sei também o seu destino sombrio, Joe, eu lamento o seu destino" disse o lobisomem.
"Oras, deixe de conversa fiada! Morra!" gritou Gawain, ele atirou num dos lobisomens, eles começaram a avançar mais rapidamente.
Hayley começara a atirar flechas de prata nos lobisomens mais próximos, Kurt atirava com as pistolas, Jessica usava a escopeta e atirava nos monstros, Gawain atirava uma seta após outra com a besta, o líder dos lobisomens se aproximava cada vez mais, sem hesitar, atirei a flecha no líder dos lobisomens que vinha em minha direção.
A flecha parecia voar em câmera lenta ao encontro do lobisomem, eu estava crente de que eu iria acertá-lo, mas o destino foi cruel comigo, a flecha apenas passou raspando dos pêlos do ombro do lobisomem. O lobisomem estava a dez metros de distância quando saltou, aquilo seria o meu fim, o meu punhal estava longe de mim, eu havia dado toda a munição da besta e das pistolas para Gawain e Kurt, e a minha aljava estava vazia, de repente, Hayley entregou-me uma flecha prateada que brilhava mais que as outras, eu pus a flecha no arco, estiquei o elástico ao máximo que ele poderia aguentar, o lobisomem já descia no ar para cair em cima de mim e se alimentar de mim, a ferida feita por um deles ardia, mais do que nunca, agora no meu braço, a minha consciência ao saber que a vida de todos os meus amigos agora estava em minhas mãos.
Atirei a flecha, ela cortou o ar com um zumbido rápido, eu atirei a flecha no exato momento que amanhecia, quando a luz do sol tocou a flecha prateada, a flecha virou uma flecha de fogo, como uma aura vermelha e poderosa estivesse rondando a flecha, ela ia velozmente com o zumbido em direção ao líder dos lobisomens, que pulava ao meu encontro, a flecha ia velozmente, mas eu a via ir em câmera lenta, a flecha incendiária ia ao encontro do lobisomem, o lobisomem que voltava a se transformar em humano, mas antes disso acontecer, a flecha o atingiu.
O lobisomem foi atingido no peito, ele pareceu parar no ar dar um giro para trás e cair de costas, ele começou a gritar e a uivar ao mesmo tempo, ela grunhia também, deveria ser muito doloroso, afinal fora atingido no peito por uma flecha em chamas. O lobisomem se debatia, os seus seguidores ficaram parados observando o seu líder se contorcer de dor, o lobisomem ale de ter uma flecha cravada no peito e estar se transformando em humano novamente, ele também começava a incinerar. Os lobisomens que eram seus seguidores, parte deles já voltaram a se transformar em humano, estavam começando a fugir pela floresta que ficava perto da cidade, por onde ficavam as primeiras linhas de defesa, que já eram poucas, o líder dos lobisomens acabara parando de se contorcer e ficara imóvel, eu soube na hora que o líder dos lobisomens havia morrido.
Em algumas horas, conseguimos guardar as armas e o que sobrou de munição no sótão da minha casa, a polícia estava em todo lugar, havia se comunicado ao povo que pelo menos 73 pessoas foram mortas atacadas por animais, claro que eles jamais admitiriam que os animais fossem lobisomens, mas disseram que, por incrível que pudesse parecer, foi a maior alcatéia de lobos que já se viu em todos os tempos, a perícia levou o corpo do meu pai para investigar.
Depois de mais ou menos uma semana, como a minha casa foi interditada e eu passei esses últimos dias no acampamento da família Felps, a perícia liberou o corpo do meu pai, ou o que restara dele, para ser enterrado no cemitério da cidade, depois do funeral, peguei a minha bolsa, lotei com todas as roupas que tinha, depois peguei uma mala de viagem do meu pai e enchi de armas, uma besta, munições, duas pistolas, cartuchos de balas de prata, um arco com aljava de flechas de prata com flechas reserva também, quando volto a descer as escadas do sótão e vou saindo de casa, uma pessoa me aborda, Jessica me esperava na porta de casa, com uma mochila nas costas e uma bolsa de viagem.
"O que está fazendo aqui? O que é isso?" perguntei.
"Vou com você" disse-me ela.
Ri sarcasticamente.
"Você está de brincadeira, né?"
"E por que eu estaria?"
"Você não vai comigo"
"Eu vou se quiser, e eu quero ir" disse ela.
"Ei, vocês vão ficar discutindo aí ou vamos logo?" perguntou Gawain que chegava, ele passou por mim e subiu para o sótão.
"Aonde ele pensa que vai?" resmunguei.
"Ele foi pegar armas e munições para a nossa viagem." disse Hayley, ela veio até mim, me abraçou e me deu um beijo, ela estava com uma mochila nas costas também "Não adianta resmungar, Joe, nós vamos com você mesmo que não queira."
Eu girei os olhos.
"E para quê?"
"Para ficar de olho em você." disse Hayley "Nunca se sabe quando você vai fazer besteira."
"Qual é Joe, sempre estivemos juntos, como irmãos, não vai ser agora que vamos nos separar" disse Jessica.
Gawain voltou do sótão com armas e munições, eles encheram mais duas bolsas com armas deles, inclusive balas para escopeta, já que Jessica carregava uma. Todos se prepararam e ficaram me esperando, olhando para mim, sérios, eu ri com aquela imagem, nem sei porque, os meus verdadeiros amigos estavam ali, meus irmãos de armas que me seguiriam até o fim, e a garota que eu gostava também.
"Vocês são malucos." disse "Mas como vamos pegar carona na estrada com essas bolsas pesadas e cheias de armas?"
"É por isso que temos a minha picape" disse Jessica, ela foi em direção a velha caminhonete cor de vinho e pôs uma das bolsas no compartimento da carga da caminhonete. Colocamos as bolsas na caminhonete depois entramos nela, Gawain dirigia, enquanto Jessica, Hayley e eu nos esprememos ao seu lado dentro da caminhonete.
"Espere um pouco. Hayley, Gawain, seus pais deixaram vocês virem comigo?" perguntei.
"Deixaram, só não deixaram o Kurt vir conosco porque ele é muito novo ainda, e deram uma bronca nele por ter lutado contra os lobisomens" disse Hayley.
"Ah... Jessica, o seu pai deixou você viajar comigo?" perguntei.
Jessica ficou nervosa. Ela respirou fundo e começou a responder.
"Bom... o meu pai..."
"JESSICA! ONDE ESTÁ A MINHA ESCOPETA?!" gritou um homem da última casa da rua, a casa de Jessica, era o pai dela gritando "Jessica?! AONDE VOCÊ FOI?! QUANDO EU TE ENCONTRAR... VOCÊ VAI VER O QUE É BOM! JESSICA! EU NÃO ESTOU DE BRINCADEIRA..."
Jessica estremeceu, ela apertou a manga da camisa de Gawain e choramingou.
"Pé na tábua, Gawain!"
"APAREÇA! JESSICA...!" ouvia-se o pai de Jessica gritar ao longe, assim partimos, viajaremos por todo o Estados Unidos da América ara descobrir o que os lobisomens faziam tão longe de sua casa, a Europa, e tentarei descobrir se são apenas lobisomens que me esperam em minha busca, embora eu também ambicione descobrir sobre o meu passado, descobrir mais e mais sobre os meus pais, será que o meu passado era tão sombrio assim, como disse aquele lobisomem? Sobre o que exatamente ele estava falando? É o que eu tentarei descobrir, desde a morte do meu pai eu resolvi assumir uma responsabilidade para a vida inteira, e não há monstro que possa me deter, pois eu sou Jou Jordan, O Metamorfo Caçador de Monstros.

Fim... por enquanto...