quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 8 - Passado


     - A noite está meio... fria, não acha? - Perguntou alguém atrás de Liza, ela olhou para trás e viu Léo, mas ele estava diferente, parecia mais acabado, havia olheiras debaixo dos seus olhos azuis cristalinos, ela se sentia magnetizada por aqueles olhos, o sorriso frio e belo, o modo como ele franzia a testa quando estava confuso.
     Ela respirou lentamente, percebeu no ar seco e frio que ele falava a verdade.
     - Sim - disse ela - , mas não é você que está fazendo isso, não é?
     Ele a olhou com incrédulidade, ele tinha cabelos mais longos que antes, e ela só agora percebeu que os dois usavam roupas do estilo medieval, onde eles estavam? Ela olhou pela campina, só havia grama e uma fina camada neve por onde olhava, algumas poucas árvores e ovelhas pastando, onde eles estavam? Perguntava-se ela repetidas vezes por segundo.
     Por fim ele sorriu levemente e disse:
     - Acho que está imaginando coisas, princesa. - Disse ele.
     - Acha que estou ficando louca? Eu vi você brandir sua espada várias vezes contra demônios, não me surpreende que tenha aprendido técnicas antigas em suas batalhas, tão jovem e já destinado a uma vida cheia de lutas, de guerras, de morte... nunca pensou em viver de algo que não fosse de guerra, de sangue, de morte? - Perguntou Liza, ela não sabia de onde tirou aquelas palavras. - Além disso, vi vários guerrilheiros preciosos do meu pai usando mágica em batalhas, é verdade isso?
     Léo a olhou com surpresa, encarou a grama com o lençol de neve por um instante, depois olhou para o céu, sorriu, com os olhos brilhando.
     - Princesa Bianca, não há nada demais nas batalhas em que eu sigo vosso pai - ele olhou para ela - , ele é um ótimo rei, é o meu rei, eu o sirvo até que ele me dispense, caso contrário, não posso deixar de guerrilhar... mas... - ele voltou a olhar para o céu - eu já pensei, sim, em viver diferente, não mais guerrilhando, já pensei em ser um camponês simples, viver trabalhando no campo, mas... não é para mim.
     Liza ficou observando ele, cheia de perguntas sobre aquela cena, sobre quem era ela. Ela se aproximou dele, segurou o braço dele e deois a sua mão, ele a olhou, surpreso, mas com um brilho diferente no olho, antes seu olhar era frio, cético, agora era cristalino, como um diamante, e feliz.
     - Já pensou em ser rei? - Perguntou ela, gentilmente.
     - Não, princesa, nunca... - Respondeu ele.
     Ela encostou a cabeça no ombro dele, nesse instante, ela sentiu a mão dele, já fria, amornecer, ela olhou profundamente nos olhos dele.
     - Leonard, eu te amo... - Disse ela, ele sentiu arrepiar-se.
     Ele olhou para ela de cima, ela estava com a cabeça deitada em seu ombro ainda, sem pensar, ele fez algo que jamais pensara ou se permitira fazer.
     Léo inclinou a cabeça e beijou a testa dela, ela sorriu e depois levantou a cabeça para encará-lo e então ela beijou os lábios dele.
     E então a cena mudou de repente, já não havia mais neve, agora ela e Léo estavam correndo no meio de uma floresta, ele olhava para trás frequentemente, ele segurava ela, a puxando pela floresta, machucava a mão dela, mas ela sabia que era preciso correr para a sobre vivência deles. Eles deixaram a floresta de lado e reapareceram perto de uma praia deserta, exceto por um navio enorme, para onde ele a puxou com força e eles voltaram a correr desesperadamente por suas vidas.
     Ela já podia sentir o gosto da liberdade perto e então tudo escureceu, tudo acabou num piscar de olhos. Liza sentiu uma dor nas costas, rápida, como uma fisgada, sentiu a dor atravessar o seu corpo, ela viu o olhar espantado de Léo ao olhar para trás, ele a puxa para mais perto e a pega nos braços, ela protesta.
     - Não, Leonard, vá sem mim. - Disse Liza.
     - Eu não vou sem você, Bianca. - Protestou Léo.
     - Eu não vou sobreviver, Léo. - Disse Bianca.
     Léo a ignorou e continuou correndo com Bianca em seus braços, ele chegou até o navio, Léo pôs Liza nos ombros e começou a subir pelas cordas do navio, ele ouvia o silvo das flechas que acertavam o casco do navio, ele subia rápida e desesperadamente.
     Ao chegar ao convés, conseguiu colocar Bianca no piso de madeira e subiu a bordo do navio, os homens que trabalhavam no navio, observaram eles e depois olharam para fora do navio, uma flecha atingiu um dos homens, os outros se revoltaram e começaram a carregar os canhões.
     Léo foi até Liza, segurou a sua mão, ela estava fria, seus batimentos estavam fracos, ela não teria mais muito tempo de vida, ele olhava tristemente nos olhos dela, ela olhava os olhos dele, mas ela estava feliz, ele não entendia.
     - Você é muito teimoso, Leonard... - Disse ela, fracamente.
     Os olhos dele estavam vermelhos, ele sentiu uma ardência forte no nariz.
     - Você me ensinou a ser assim... - Retrucou Léo a ela.
     Ela deu uma risada fraca.
     - É verdade... - disse ela - eu te amo, Leonard, jamais esqueça disso, leve isso por toda a sua vida...
     Ele assentiu e beijou os lábios dela, lágrimas caiam em seus olhos, ela sorriu, ela nunca tinha visto Léo chorar.
     - Não chores, nobre cavalheiro... - disse ela.
     - Eu não estou chorando... - devolveu ele, ela sorriu, ele sentiu um aperto no coração - eu te amo demais também, princesa... demais...
     Ela se sentiu extremamente feliz em ouvir aquelas palavras, e então fechou os olhos.
     Quando os abriu novamente, estava no quarto de hotel, Léo dormia na poltrona ao lado da cama, Liza sentou-se na cama, olhou para os lados e viu todos dormindo, ela não parava de olhar para Léo, sua cabeça estava cheia de perguntas, mas a maior delas era: Quem, realmente, era Léo?

Continua...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os Símbolos da Tormenta - Espanha - Capítulo 7 - Vampiros

     Liza olhava ao redor procurando algo que pudesse ajudar a lutar, pois ela não tinha poderes... ou pelo menos não os conhecia. Marcos estava mais apreensivo que o normal, ela via nos olhos dele que ele poderia se transformar no lobo imenso a qualquer momento, Siergart tinha um sorriso macabro e psicótico no rosto, Liza tinha medo daquele sorriso, o que ele poderia estar tramando?
     O homem-estátua começou a andar vagarosamente na direção deles, Susana ficou muito mais apreensiva que todos, parecia que ela iria ter um ataque a qualquer momento, Marcos adiantou um passo a frente de todos, seu corpo tremia, a primeira vista, Liza pensou que ele estava com medo, mas depois de um tempo, percebeu que ele estava mudando, Liza puxou Susana mais para trás e percebeu o que iria acontecer, José não percebeu o que aconteceria, Léo pulou para o lado e empurrou José no exato instante que aconteceu. Marcos explodiu... literalmente.
     Liza olhava horrorizada e, ao mesmo tempo, encantada com as chamas brilhantes e vermelhas que envolviam o corpo de Marcos sem nem ao menos feri-lo, Marcos olhou para trás, encontrou o olhar de Liza, seus olhos estavam mudados, sua face também mudara, não parecia mai Marcos, parecia uma pessoa dura, com a cicatriz em seu rosto brilhando, ele olhou para os homens estátua que recuaram um pouco ao verem Marcos.
     - Apelando para os poderes interiores. - Rugiu o primeiro homem. - Sabem que não gostamos de fogo, não é?
     - Sabemos que vocês morrem com o fogo. - Disse Marcos. - Isso já basta!
     Marcos saltou em uma altura surpreendente e estava prestes a cair em cima do primeiro homem, mas este desapareceu em uma fração de segundos, Marcos se virou para atacar o segundo homem, mas este escapou de seu golpe e o chutou na cabeça, Marcos caiu de cara no chão, meio aturdido, Liza sentiu um braço envolvê-la, ela se viu presa pelo primeiro homem, que a mantinha refém, Marcos olhou desesperado para ela, as chamas em volta dele se extinguiram. O segundo homem segurou Marcos pelos braços e fez Marcos inclinar a cabeça de lado, expondo a nuca dele, o homem abriu a boca, arreganhando todos os dentes pontudos, incisivos maiores que os outros, e estava prestes a morder o pescoço de Marcos.
     Um vulto pequeno e ágil saltou sobre o homem, agarrou a cabeça dele e o arremeçou contra um prédio do outro lado da rua, Liza ficou espantada vendo aquela cena acontecer, a figura ágil correu e desapareceu de vista, depois Liza escutou um urro de dor atrás dela, e ela estava livre dos braços do homem, ela correu e depois se virou para o primeiro homem, sua pele parecia apodrecer, ficar mais enegrecida a cada momento, de repente, o homem caiu, havia um pegaço de madeira enfiada nas costas dele, de pé, ao lado do corpo, se encontrava a figura pequena e ágil.
     Liza olhou para trás, o homem que quase mordeu o seu irmão estava vindo em sua direção, Léo se colocou entre eles, o homem foi veloz e atingiu Léo com um soco no peito, Léo voou três metros antes de cair, o homem vinha na direção de Liza sussurrando coisas que Liza demorou um pouco para entender.
     - Delicada menina jovem, cheia de vida... pena que irá morrer logo, não se preocupe, será uma morte rápida e indolor... - Dizia o homem.
     Liza entrou em pânico, não conseguia se mover, ela olhou para trás, onde estava o pedaço de madeira no corpo do outro homem, não havia mais nada ali, ela se virou para encarar o demônio que vinha ao seu encontro, de repente, ele parou à um metro dela, ela olhou atentamente para o homem, seu sorriso maligno se desmanchou, seus olhos sedentos agora estavam vazios, a pele dele começou a apodrecer como a do outro homem, e ficou enegrecida, o homem caiu com o mesmo pedaço de madeira nas costas, a pequena figura estava lá, do lado dele novamente, ela soluçava e choramingava, ao se aproximar mais, Liza percebeu quem era.
     - Geovanna? - Foi só o que Liza conseguiu dizer, a menina estava chorando, Liza, um pouco receiosa, se aproximou de Geovana e a abraçou.
     - Eu nunca havia matado ninguém... nenhum humano, nenhum vampiro, nenhum animal... - Disse a pobre, pequena e frágil vampira que namora o irmão de Liza.
     - Calma, Geovanna, vai ficar tudo bem... - Liza tentava tranquilizá-la.
     Marcos vinha na direção delas, ele olhou para Liza e depois para Geovanna, Liza soltou Geovanna e Marcos foi na direção de sua namorada vampira, Geovanna olhou nos olhos de Marcos, ele olhou nos olhos dela, ela o abraçou forte, Liza ouviu de longe o barulho dos ossos da costela de Marcos quebrando e voltando ao lugar, se regenerando, rapidamente, enquanto Geovanna o abraçava.
     - Eu estava com saudade, Marcos... - Disse Geovanna abraçando Marcos e choramingando.
     Marcos acariciou o rosto dela, sorriu para ela.
     - Agora eu estou aqui contigo... não precisa chorar, eu estou aqui. - Disse Marcos tentando acalmá-la, e estava conseguindo.
     Marcos tirou o relógio de bolso de ouro do bolso do casaco e entregou a Siergart, este sorriu brandamente para o garoto.
     - Que sorriso é esse? - Perguntou Marcos.
     - Orgulho de um menino que nem é filho meu, mas lutou com garra e determinação. - Disse Siergart, Léo olhou para ele e estreitou os olhos, Liza foi até ele por impulso, e segurou a sua mão, ele olhou para ela, surpreso, ela transmitiu um olhar para ele que dizia para ele não se importar com aquilo, ele entendeu e assentiu para.
     Depois de tudo que acontecera, eles procuraram o hotel mais próximo para se hospedar e descansar um pouco antes de partir embusca do próximo Símbolo da Tormenta. Marcos e Geovanna ficaram conversando a noite inteira no quarto que dividiam com Liza e Susana, que mal conseguiam dormir com as risadas, beijos e abraços dos dois.

Continua...