Liza ainda olhava atordoada para a casa
incendiada, haviam dois homens observando a casa se remoer em chamas, eles
pareciam um tanto satisfeitos, o que fazia Liza ficar com certo medo deles, Léo
a puxou para trás de uma bancada e ficaram observando eles, Liza olhou para
Léo, que tinha uma expressão muito séria em seu rosto, Liza se preocupou, se
conheceram naquela manhã, mas ela sentia como se o conhecesse a muito tempo.
-
Você está bem, Léo? - Perguntou ela, ela tocou no braço dele, mas não
estava mais tão frio, agora estava mais caloroso, como se agradasse muito.
Léo olhou nos olhos de Liza com seus olhos
cinzentos profundos.
-
Sim, só esses homens que me preocupam, acho que sei o que aconteceu.
- Eles provocaram esse incêndio? - Perguntou
Liza.
- Não
é um simples incêndio. - Léo olhou preocupado para as janelas. - Há seres lá dentro, pelo fogo, se não são
humanos, são vampiros.
- Vampiros?
- Sim, o modo mais fácil de matar um
vampiro sem chegar perto dele é colocando fogo nele, quando está de noite, ou
jogando-o ao sol quando de dia, mas este segundo método não tem garantia de
funcionamento, quer dizer, não sabemos se os vampiros têm algum tipo de
proteção mágica que possibilitem eles de andar de dia pelas ruas. - Disse
Léo, rapidamente, Liza ergueu uma sobrancelha, depois de tudo que ela passara,
ainda era difícil aceitar o fato de que vampiros, lobisomens, metamorfos e
monstros estivessem por aí.
Marcos estava do outro lado de Liza,
agachado, ele tinha uma expressão mais séria que a de Léo e estava com os
punhos cerrados, Liza, mesmo que estivesse preocupada com ele, olhou na direção
da casa que incendiava, os homens haviam sumido, ela ia perguntar a Léo quem
eram aqueles homens, mas Léo já não estava mais ali, ele estava na frente da
casa, olhava para ela incendiar, parecia estar em transe, como se lembrasse de
algo, ao seu lado, Marcos socou o chão e então todo o fogo se extinguiu.
A casa não estava mais em chamas, não
havia nenhum foco de incêndio, Léo parou por um momento, olhou para trás, para
Liza e depois para Marcos que havia socado o chão, este se levantou e andou na
direção de Léo, Liza os acompanhou, assim como Siergart, José e Susana.
-
Havia pessoas iguais a Geovana dentro da casa, não é? - Perguntou Marcos à
Léo.
- Não são pessoas, não necessariamente,
eram vampiros, já estavam mortos. - Respondeu Léo.
-
Eu pouco me importo se estão mortos ou não, são pessoas...
- Que se alimentam de outras pessoas. - Interrompeu
Siergart. - Eu conheci vários vampiros
na minha vida, garoto, acredite, a maioria deles fariam picadinho de você se
achassem que era humano.
- E eu não sou? - Perguntou
Marcos. - Sou o quê? Um lobisomem?
- Na verdade, quase isso, somos
metamorfos. - Respondeu Siergart.
- Todos nós? -
Perguntou José.
- Não, a sua amiga ali é humana, nem sabe
no que está se metendo. - Disse Léo apontando para Susana.
Susana estremeceu.
-
Quer dizer que eu corro risco de vida?
- Ela não sabe mesmo no que está se
metendo... - Disse Siergart balançando a cabeça.
Marcos ficou impaciente, balançou a cabeça
para todos e entrou correndo nos escombros da casa que a pouco estava
incendiando, Liza tentou correr atrás dele, mas Léo segurou o seu braço, ela
olhou para ele, ele apenas olhou em seus olhos, sua expressão fria e dura, e
assentiu com a cabeça para ela.
Era difícil ter que esperar o seu irmão
saí de dentro de uma casa em ruínas, sua estrutura era precária, ela estava
apreensiva, a qualquer momento, a fraca e precária estrutura do prédio poderia
ceder e enterrar o seu irmão ali.
De repente, parte da estrutura do prédio
cedeu e, de uma das janelas, uma pessoa saltou com algo nos braços, Liza olhou
preocupada, e então reconheceu a pessoa, era seu irmão, Marcos, com um objeto
que parecia um relógio de bolso dourado em mãos, Marcos olhou para Siergart,
que sorriu para ele.
Siergart foi até Marcos, o abraçou e
disse, com orgulho na voz.
-
Menino de ouro, inteligente e corajoso, conseguiu o primeiro Símbolo da Tormenta.
- Isso é um Símbolo da Tormenta? -
Perguntou José.
-
Sem a menor dúvida, meu caro, agora vamos... - Siergart se viu obrigado a
interromper a sua frase, não conseguiu terminá-la, ele olhava para o outro lado
da rua, perto dos caixotes, quase na entrada de uma praça, dois homens com
capas britânicas longas olhavam para eles.
Os homens pareciam estátuas, parados,
olhando para eles daquela forma, o corpo de Liza estremeceu quando um dos
homens tirou os óculos, seus olhos estavam diferente do normal, eram negros e
haviam marcas quase iguais à rachaduras nos olhos e ele abria a boca para falar
algo, a atmosfera ali ficou mais fria, Marcos apertou forte o seu relógio de
bolso e Léo segurava seu pingente de cristal, ele olhava com a mesma expressão
dura e fria de sempre, com um forte toque de raiva.
O homem que havia tirado os óculos
gargalhou e olhou para eles, depois olhou para Susana e, por fim, para o seu
“amigo-estátua”.
- Hora do lanche.
- Disse ele gargalhando.
Continua...